pdc '09 - balanço

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Regressado de Paredes de Coura, mas ainda em modo de férias, vou combater a preguiça fazendo o balanço da semana passada na bela paisagem nortenha.

O festival deste ano, verdade seja dita, não deixará grandes saudades a nível musical, o cartaz razoável e as fracas condições do som resultaram em actuações mornas, mas sem nenhum concerto que conseguisse destoar dos outros de forma a ser coroado como o concerto do festival.



Primeiro dia - 07/29

Ainda sem direito ao palco principal, a noite de abertura do festival aconteceu toda na tenda onde fica situado o palco secundário, e foi uma noite sem grande interesse para mim... As honras de abertura foram concedidas aos portugueses Sean Riley and The Slowriders que trouxeram na bagagem o seu mais recente disco Only Time Will Tell, um dos melhores discos do ano a nível nacional. Como os Sean Riley não me aquecem nem arrefecem preferi abdicar do concerto e assistir ao jogo do Sporting na vila... E eu nem sequer sou do Sporting...

Regressei no entanto ao recinto a tempo de assistir ao concerto dos Strange Boys por completo, movido pela curiosidade das comparações correntes com os Black Lips. Foi no entanto uma desilusão de concerto, músicos limitados, um vocalista péssimo com uma voz super irritante, músicas de qualidade duvidosa, enfim, um concerto para esquecer... Ahh, e não chegam aos calcanhares dos Black Lips... Não me venham cá com merdas...

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Chegava então a hora do Patrick Wolf, uma seca de concerto em que apenas os singles despertaram o mínimo de atenção, mas ainda assim não o suficiente para aquecerem a noite fria que se fazia sentir. Muito fogo de vista, mas música que é bonito, nada.

A finalizar a primeira noite havia ainda tempo para o DJ Set dos Bons Rapazes (Antena 3), melhor dizendo, DJ Set de Miguel Quintão, já que o estado (alcoolizado!?) do Álvaro Costa apenas lhe permitiu andar em cima do palco protagonizando algumas das figuras mais deprimentes vistas ao longo do festival... Ficou o bonús de terem passado Fleet Foxes a abrir o set, pese embora o resto tenha sido só electrónica...

Noite fraca portanto, mas como era a noite de abertura até se desculpa...

Segundo dia - 07/30

Com o segundo dia veio a banda-revelação do festival. Os Temper Trap são da Austrália e presentearam o público com um belo concerto a abrir as hostilidades no palco principal. Não os conhecia, e fiquei bastante agradado com a sonoridade da banda, uma das maiores promessas da cena indie australiana por certo. Muito bom concerto e só foi pena não ter conseguido apanhar o ínicio do mesmo...

Seguiram-se os The Pains Of Being Pure At Heart, um dos nomes que mais curiosidade tinha de ver ao vivo este ano, pop-rock simpático que combinou bem com o final de tarde, mesmo com a banda meio perdida no palco que parecia demasiado grande para eles. Ainda assim um bom concerto de uma banda que ainda está agora a dar os seus primeiros passos. Ponto negativo, a exclusão da Contender do alinhamento do concerto...

Os The Horrors deram um concerto intenso mas que a mim me passou ao lado, e ainda por cima com um péssimo som, com a voz cheia de eco e o som indefinido dos instrumentos.

Aos Supergrass cabia a árdua tarefa de animar o público para os cabeças de cartaz. Como deles conheço apenas umas duas ou três músicas aproveitei o concerto para ir à vila jantar e poupar uns trocos, no recinto os preços eram muito abusivos.

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A terminar a noite, os Franz Ferdinand deram um concerto competente e previsível. Mesmo assim foi bonito ver a festa que o público fez ao som dos hinos da banda escocesa. Não fiquei para o after-hours, é que de madrugada o calor que se faz sentir na tenda é muito e não deixa dormir até tarde, e assim torna-se imperativo descansar bem durante a noite.

Terceiro dia - 07/31

As muitas t-shirts dos NIN que se fizeram mostrar no recinto durante todo o festival não deixavam dúvidas. Este era o dia mais esperado pela grande parte do público. Por mim também, mas por outros motivos... Já lá irei. O dia começou com Mundo Cão, concerto a que ainda assisti ao final, e continuam sem me conseguir convencer. É tudo demasiado encenado e desprovido de sentimento. O Pedro Laginha parece mais actor do que músico em cima do palco, ainda...

Depois vieram os Portugal. The Man, e meus amigos, para mim foi o melhor concerto do festival. Que grande estreia da banda canadiana no país que lhes deu inspiração para o nome. A troca do horário inicialmente previsto para a actuação favoreceu-lhes, o final de tarde ficou-lhes bem. Foi uma viagem aos anos sessenta/setenta que foi cativando as pessoas presentes, na sua maioria desconhecedoras da banda. Ao vivo têm um som mais poderoso do que em cd, as músicas ganham novas roupagens, e são deliciosos os solos que se ouvem no meio das músicas, brilhante! O concerto foi no entanto encurtado devido ao demorado sound check. Aguardo impacientemente por um concerto a solo da banda em Portugal.

De seguida, Blood Red Shoes, um power-duo com uma energia fantástica ao vivo e absolutamente contagiante. A construção das músicas várias vezes me fez lembrar os Placebo. Foi um concerto em crescente que deixará em alta o nome da banda por estes lados.

Era então a hora de Peaches........... Já acabou? Óptimo.

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E pronto, apresentava-se em palco Trent Reznor e os seus Nine Inch Nails, o momento mais aguardado do festival. A mim o que me moveu foi a curiosidade de perceber a razão de tamanho culto à banda, já que os discos deles nunca me tocaram especialmente. No final do concerto continuo sem perceber tanta devoção, embora o concerto tenha sido devastador. Muito intenso e emotivo, sentia-se uma cumplicidade enorme entre Trent Reznor e os seus devotos fãs. Terá sido por ventura o adeus da banda aos palcos nacionais. Foi o melhor dia do festival, tal como se esperava.

Quarto dia - 08/01

Manel Cruz com o seu Foge Foge Bandido, pareceu meio deslocado no palco principal, projecto mais vocacionado para espaços pequenos (como pude comprovar já no Centro Cultural das Caldas da Rainha) mas mesmo assim não desapontou.

Falhei os três concertos seguidos para mais uma vez me deslocar à vila e aproveitar um último jantar a preço económico, dar uma vista de olhos na vitória do Benfica sobre o Portsmouth, e tempo ainda houve para passear no recinto e aproveitar o que o recinto tinha para dar além dos concertos.

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O fecho do palco principal ficou a cargo dos Hives, um concerto bastante semelhante ao que já se tinha visto no Alive o ano passado, com o que de bom e de mau isso tem.

Concluindo, foi um Paredes de Coura morno, espero que para o ano possa ser melhor. Nem o corte no orçamento pode servir de desculpa, pois facilmente se poderia fazer um alinhamento tipo isto:

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Fotos dos concertos de Álvaro C. Pereira (BLITZ)

3 comentários:

  1. gostei do teu texto H. Gabriel.
    descordo só que os Horrors tenha tido mau som. penso que é simplesmente uma questão de opção. de ambas as vezes que os vi, agora e no primavera, aconteceu o mesmo. a voz sempre muito mais alta e pesada que os instrumentos e, por isso, um pouco deslocada. penso que tem mais a ver com o ego desmesurado do F. Rotter.

    obrigado pelo teu relato.
    podes ler o meu na gasosa | www.vaiumagasosa.com

    um abraço,
    antónio

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  2. :D obrigado pelo comment antónio.
    quanto aos Horrors, eu nunca os tinha ouvido antes de Paredes de Coura, e ate desconfiei que o som estar assim fosse opção da banda, isto porque por vezes parecia não ter tanto eco. se os vir noutro espaço talvez venha a gostar mais.

    não houve foi mesmo paciência nenhuma para aqueles que subiram ao palco só para fazerem "show-off" e não tocarem música a sério (leia-se patrick wolf, peaches...) e para os miúdos que por lá andavam no recinto que queriam tudo menos ouvir música (tipo, fazer mosh e andar à pancada...)

    em termos de convívio foi uma semana muito bem passada, é sempre das melhores semanas do ano.

    eu é que ainda não sei bem quem és, senão apanhava-te lá em PDC e íamos beber umas minis valentes hehehe.

    abraço,
    Gabriel

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  3. havemos de nos encontrar por aí...isso é certo!

    um abraço, amigo.
    antónio

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